segunda-feira, 9 de março de 2009

fonte da vida

(O texto deste post é de autoria de Ju Pinta e foi originalmente publicado em seu blog pinta ultravioleta, salve Ju.)


É nesses dias que mais gosto dele. Quando o tempo é curto e a vontade é muita. Quando o som provoca e a cor invade. Quando a luz é turva. É nesses dias contados que mais gosto de tê-lo. Sentir seu cheiro cálido e seu ar magistral, num dançar de sombras constantes, harmônicas, como se o ritmo dele ditasse o ritmo do universo. Perder-se nele. Embevecer-se. Como quem ama e chora. Como nós.


Depois, vem o toque. Frio, forte e despertante. Começa pelos pés e vai subindo até alcançar as coxas e a púbis. O deslizar do seu fruto condensa as sensações mais renovadoras, mais energizantes. Fundir-se a ele é como jogar pinball no espaço e depois descansar numa nuvem-nave lá para as bandas de saturno. Estar em sua companhia significa tudo.


Quando me desligo dele, continuo sentindo suas vibrações. Elas me acompanham por um tempo quase determinado. Com o passar dos meses, elas vão se dissipando e dando lugar às energias da cidade, mais pesadas e confusas. Mas quando chega setembro, já anseio por ele e começo a planejar um novo encontro. Gosto de imaginá-lo quente: vivo e possante. Gosto de pensar que ele me espera. Gosto do gosto dele em mim e de tudo que lembra a nossa presença. E quando, finalmente, nos reencontramos, gosto de gritar:


- Que saudades de ti, meu amor-mar!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

lilo

Uma vez meus lábios tocaram os teus
Duas vezes teus lábios tocaram os meus
Três preces ofereci ao céu
E choveu...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

eros deflagrado

Eu deflagro meus amores como quem deflagra uma guerra,
Busco o olhar da minha amada como quem espreita olhos inimigos,
Como quem sente em sua fuga escapar-lhe com ela a própria vida
Ou como quem, alerta, aguarda a qualquer momento a emboscada.
Por isso beijo os seus lábios como se beijasse os portões do paraíso -
Ou quisesse estancar com um beijo a ferida aberta da morte -
Pois é com a certeza de que não mais verei outro dia nascer que
Procuro minhas amantes como quem procura a morte em batalha.

Que me importa se das sombras do Hades ou dos gozos Elíseos
Antigos filósofos e poetas me escarneçam e ridicularizem meus versos?
Se pudessem compreender o que insisto em descrever com vãs
/palavras -
Pois se esses poetas pudessem ao menos sentir na alma o perfume que
Sinto ao provar o hálito melífluo de cada beijo, de cada sussurro e
/gemido,
Se esses filósofos soubessem o delicado veludo que cobre a pele
/feminina
Com o mesmo fulgor que o sei através destas minhas mãos trêmulas...
Ah! Eles não suportariam nem mais ouvir dizer de néctar e ambrosia.

Que me importa se diante das minhas incontáveis investidas
Aquela que desejo se esconda nas vielas escuras do desprezo?
Deixe que se esquive, pois assim um amor já privado de mistérios
Torna-se então um desconhecido da mais rara e intrigante beleza;
Deixe que venha o amor a implodir todos as serras do meu país;
Deixe soterrar de ansiedade as minhas planícies inermes e inférteis;
Deixe que venha o amor com armas poderosas e melindrosos ardis;
Deixe que venha o amor e me devaste por inteiro outra vez...